O arsenal de guerra em poder dos criminosos nas comunidades do Rio de Janeiro já é maior do que o das forças de segurança do Estado, segundo as autoridades locais. De acordo com o Setor de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), quatro cidades no Paraguai são responsáveis pelo abastecimento do mercado ilegal de armas no Rio e chegam ao estado através da BR-116, a Rodovia Presidente Dutra.

Um levantamento da PRF identificou que as armas que abastecem o mercado ilegal no Rio vêm da Ciudad Del Este, Salto Del Guairá, Capitán Bado e Pedro Juan Caballero. De lá, os traficantes utilizam as rodovias BR-277, BR-369 e BR-374 para levar armas e munições a São Paulo e depois até o Rio, através da BR-116.

Só esse ano, a polícia apreendeu mais de 300 fuzis, que são usados por traficantes de todas as facções para controlar territórios. Apenas durante uma apreensão no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, foram descobertos 60 fuzis dentro de aquecedores de piscina que vinham de Miami, nos Estados Unidos, para o Rio.

A via Dutra é considerada a principal rota utilizada pelos traficantes para trazer armas e munições para o Rio de Janeiro. Por ali, passam 90 mil carros por dia. Como os criminosos sabem que a fiscalização aqui é intensa, eles sempre procuram rotas alternativas. Mas, no último ano, as apreensões de munições cresceram no rio mais de 150%

Nos últimos meses, houve grandes apreensões de munições que estavam a caminho do rio pelo litoral, na rodovia Rio-Santos (BR-101).

A PRF informou que os traficantes passam pela Baixada Santista sem entrar na cidade de São Paulo do litoral Norte de São Paulo pela BR-101, que vai dar em outro importante acesso à cidade do Rio: a Avenida Brasil. Caminho direto para os complexos de favelas do Chapadão, Alemão e Maré.

“A gente fez cinturões de policiamento nas fronteiras, na divisa aqui do estado do rio de janeiro e também aqui na região metropolitana justamente para impedir a chegada dessas armas e munições aqui no estado”, afirma José Hélio Macedo, porta-voz da PRF.

Até outubro deste ano, foram apreendidas quase 51 mil (50.957) munições no Rio. Um aumento de 150% em comparação com o mesmo período do ano passado. O estado registra cerca de 1/3 das apreensões de munições em todo o Brasil.

Nas rotas, os traficantes usam várias estratégias para esconder o carregamento. Pode ser no fundo falso de um carro, no tanque de combustível, dentro do painel. Só em uma apreensão, foram encontradas 6 mil munições na rodovia Regis Bittencourt, em São Paulo.

O motorista disse que ganharia R$ 4 mil pelo transporte de Foz do Iguaçu até o Rio. A mercadoria seria entregue num shopping na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade.

No início do mês, três mulheres foram presas, no Paraná, num ônibus que vinha de Foz para o Rio. Elas escondiam 2 mil munições de fuzil embaixo da roupa. A pena por tráfico de armas pode chegar a 12 anos de prisão.

Mas o porta-voz da polícia rodoviária reclama que muitos bandidos voltam às ruas logo após serem presos nas estradas. Ele defende medidas, como maior cooperação entre as forças de segurança, para combater o tráfico.

“Se não houver uma série de medidas que vão realmente combater o tráfico de armas, acaba que o nosso trabalho pode ser considerado como enxugar gelo porque você está sempre apreendendo, apreendendo quantidades sempre maiores, mas o tráfico ele não para, o crime continua, então a gente vê que a gente fica naquele jogo de gato e rato realmente”.

Fonte: G1